quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

2009/2010



Muito reflexos de fogo de artífício.
Muitos desejos.
Feliz 2010

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

a única solução é ir embora?


Sinto o vento a bater contra o meu rosto e a deixa-lo arranhado. O meu corpo não se sente seguro e balonça a cada lufada. Uma lufada que me arrasta para um furacão, sem ter contro sob os meus passos.
E em breves minutos, vejo-me enrolada num círculo de poeira, chuva turbulenta, e os meu olhos vêm o mundo ao contrário.
Quanto mais tempo vai demorar esta tempestade?

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Love is Blind

 

Embrulhaste tudo aquilo que eu deixei em ti e deitaste num caixote do lixo.
Apenas deixaste o meu coração acelerado que bate por te amar. Sou uma manta com imensos remendos cozidos.
Estou a morrer... 

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Espírito Natalício


Hoje acordo e em frente ao aquecedor recordo os Natais passados no tempo da minha infância.
Eram passados à frente da lareira a ver a minha avó a preparar a ceia, tudo ao pormenor, não esquecendo que tinha de assar uma chouriça para uma das suas netas, eu.
Fragmentos de ideias passam agora no meu pensamento, enquanto redijo este texto, que achava estranho o facto de o Pai Natal ser diferente de ano para ano.
Passava o dia a ver filmes, enquanto o meu coração estava ansioso por chegar a meia noite. E entretanto tentava aquecer-me e manter-me acordada. No final, o Pai Natal entrava pela sala dava-me a prenda e eu corria para o colo dos meus pais para lhes dar um abraço.
(...)
Os Natais deixaram de ter a tradição, de tal maneira que estou sentada à frente de um ecrã a redigir memórias. Uma das melhores memórias que guardo na minha gaveta.
É Natal e eu ainda não me apercebi disso, apenas em alguns minutos destes últimos dias, nesta semana que o calendário marca. Sinto que é Natal quando, por exemplo, hoje as minhas pálpebras abriram e os meus pés deram os primeiros passos, neste dia 24.12.2009, e eu vi as luzes da minha árvore de Natal a cintilar.
Agora, que já escrevi a dizer que é Natal vou procurar a paz no teu sorriso, ou na pálpebra da minha mão o teu toque, que agora habita, mais do que qualquer outro dia, neste delicado rosto do meu braço.
(...)
Vamos dar um sorriso aqueles que no fundo pensam em nós, mesmo quando não o querem.
Vamos partilhar a Paz que o Pai Natal irá relembrar-nos quando os sinos das suas renas se ecoarem no vazio das ruas iluminadas.

Feliz Natal *

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

sábado, 28 de novembro de 2009

prestes a apanhar o autocarro

I just called because I wanted to hear your voice and say I love you. Let me go to sleep with you.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Apressem o tempo, que senão eu juro saltar pela janela do trintagésimo andar. Afinal, a urgência é a única que se adequa à pressa dos meus braços, do andar das minhas pernas e do meu rosto envelhecido.
Fica a tua presença eterna em mim e eu não sei como adiar por muito mais tempo.

domingo, 22 de novembro de 2009

(...)
"E levas em ti guardado
O choro de uma balada
Recordações do passado"

(...)

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

movimento



Cortei as minhas asas naquela noite de escuridão.
Em todas as noites eu quero que me desenhes. Desenhes os meus caracóis, o meu sorriso para ti.
Desenha-me não por memória, porque eu ainda continuo do outro lado da janela. Desenha-me, outra vez e outra vez. Amor pinta-me e não me esqueças.
No final, olha para o vidro embaciado onde eu cravei:
Saudades daqueles beijos eternos, amor.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

os dezoito.




A um minuto de dar o primeiro passo no meu dia, senti-te tão longe e tão perto.
É o início de começar a caminhar e deslargar-me daquilo que transforma a minha alma na junção dos cinco oceanos.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

a última peça?

Psiu, tenho tanto para te dizer...
Deixa-me pousar a minha cabeça no teu ombro e ouve o que eu tenho guardado dentro de mim.

Perdi a única peça que me restava.

domingo, 8 de novembro de 2009

a transparência das asas deseja:

para o dia 11 de Novembro

(20; última actualização: 20.10 /não está por ordem)

1. um fantoche
2. uma folha, com tons de outono, seca com uma mensagem escrita na borda direita
3. bolas de berlim
4. um cabelabi babuje (impossível, parece-me, totalmente!)
5. uma mensagem bolacha do Cookie Monster à meia noite
6. um cone de jornal com castanhas lá dentro
7. uma carta em que diga tudo (incluindo o que gostava de ler, mas que sei bem que não irá acontecer), tudo do Cookie Monster (sei que é impossível, totalmente, mas não podia deixar de colocar aqui)
8. umas luvas com caretas nas pontas dos dedos
9. kinder's
10. ferrero rocher  [obrigada papá, por não te teres esquecido]
11. um guarda-chuva com corações desenhados de várias cores [não tem várias cores]
12. uma camisola da pantera cor-de-rosa
13. um pijama fofinho
14. o menino que reluzia a cor azul
15. uma viagem, com tempo indeterminado, com rumo a um destino bem longe daqui
16. uma camisola, bonita, com renas
17. um desenho de um pato
18. gomas
19. o teddy (urso grande) que está à venda no jumbo [já o tenho; 19/10/09]
20. meias com uma fada  
21. Cd de Alicia keys [muito obrigada :D]

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

a manta do telhado



E no silêncio da noite subo ao telhado e confesso às estrelas
o significado de cada palpitar acelerado do meu coração;
de cada lágrima escorrida.

Não quero mais flutuar neste mar de nostalgia,
mesmo que sinta que a areia ainda precisa
das minhas mãos a tocar-lhe,
pois cada pedaço de areal é a causa de todos esses grãos
estarem húmidos com as gotas caídas dos meus olhos.

domingo, 25 de outubro de 2009




Despertei de um sonho mau, em que acordei a espreguiçar:
- Talvez um dia seja tarde demais para ti...
Quero perder-me no preto e branco de Paris.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

tenho saudades dos dias em que dizias que eu tinha uns caracóis bonitos, mas não tanto quanto eu....

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

o que os olhos embaciados avistaram



Avisto ao longe algo redondo da cor vermelha,
limpo as lágrimas que percorrem os meus olhos
e esfrego-os.

Não quero ser um pássaro preso numa gaiola sem cor.
Hoje, preciso que um anjo caido do céu
me leve nas suas asas para bem longe daqui…
Longe do local onde o meu eu se fragmenta.


terça-feira, 20 de outubro de 2009

pensamentos de alguém #3


This beautiful city seems empty
All the people in the world, that you can feel still lonely
Waht's the point having all without the person you love
Sometimes you just need to start again in order to fly

Alicia

domingo, 18 de outubro de 2009

borrifadas coloridas



Não sei onde moro, nem quem sou.
Acordo com a sensação de que ainda nem cheguei a dormir e que estou sempre no sítio errado. Paragem onde não existe nada, mas o pouco que existe basta para destruir tudo aquilo que ainda vou conseguindo construir.
Às vezes, visto aquela t-shirt velha e salpico a parede cheia de tintas coloridas, para poder sorrir com elas. Elas gostam de sentir o impacto e escorrerem pelas paredes do meu quarto.
Depois de já ter finalizado a minha tela, empoleiro-me no parapeito da janela. Deixo a brisa bater no meu rosto e o meu corpo acaba por ir com a melancolia do cessar da tarde.
Cansei-me de fugir pela porta, quando me apercebo que as minhas tintas coloridas tornaram-se em padrões de cinza. Desta vez, não se ouve o som da fechadura. Decidi saltar da janela, mesmo que fique com muitos arranhões…

melodia do miocárdio #10


segunda-feira, 12 de outubro de 2009

obscuridade da silhueta



O ruído faz-se sentir numa ampla sala e a minha cabeça sente-se aconchegada com toda a multidão de som. O meu cérebro é o reflexo de uma montanha-russa que gira, gira e voltar a girar, e, mesmo assim, ele não cambaleia nem por um segundo.
Agora, tu pousaste a tua mão na mesa que está junto a mim e tocaste uma melodia com a ponta delicada dos teus dedos. Mais um som que se faz ecoar, sem que por um milésimo se faça sentir o estupendo silêncio.

Hoje, o meu interior dança a melodia mais rítmica de todas, para não observar os reflexos que o espelho irradia.
Quando o sol se puser, a escuridão irá camuflar os reflexos, e, eu não posso terminar o dia a sentir-me um ser desfalecido...

domingo, 11 de outubro de 2009

pensamentos de alguém #2

Quando o sol encadeia os belos jardins as flores rebentam, mesmo quando na verdade se sentem tristes e distantes.
Aparentam estar felizes num dia em que o mundo é colorido, mas que, na verdade, estão nostálgicas. E elas não deixam de sorrir, nem perdem as cores.

Tu és um girassol, murcho, num dia de sol, mas só eu é que ainda vi isso. Eu e o teu mais profundo ser...


Arrasto-me para um país frio e bem longínquo.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

No meu poema



No meu poema existe a dor calada lá no fundo;
Existe o grito e o eco da mágoa;
A dor que sei, mas não recito
E os sonos inquietos de quem falha.

No meu poema existe o abraço que foi apagado;
Um corpo que respira a saudade
E o cansaço que adormece na cama fria.

No meu poema existe a esperança acessa atrás do muro;
Existe tudo o mais que ainda me escapa;
E um verso em branco à espera do futuro.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

o menino que resplandecia a cor azul



Eu pensava que tínhamos sido únicos e que os teus pedidos iriam ser feitos só para mim. Pensava que quando o fizesses de novo, a outra pessoa, o teu corpo iria balonçar conforme ouvisses as lágrimas a bater no caleiro. Pensava que eras diferente, que eras aquele menino que reluzia a cor azul; a cor do infinito; a cor do meu sorriso...no entanto, hoje reluzes uma outra cor qualquer que ofusca os meus olhos embaciados.
Hoje não quero ver essa tua nova cor...

domingo, 27 de setembro de 2009

Hurt so bad

I Know You
Don't Know What
I'm Going Through
Standing Here
Looking At You


Let Me Tell Ya That It
Hurts So Bad
It Makes Me Feel So Sad
Oh It Hurts So Bad
To See You Again
Like Needles And Pins

People Say
You're Making Out Okay
He's In Love
Don't Get In There Way

Let Me Tell Ya That It
Hurts So Bad
It Makes Me Feel So Sad
You're Gonna Hurt So Bad
If You Walk Away

Why Can't You Stay
And Let Me
Make It Up To You
I'll Do Anything
You Want Me To

You Loved Me Before
Come Love Again
I Can't Let You Go
Back To Her
Please Don't Go
Please Don't Goooooo

It Makes Me Feel So Sad
It's Gonna Hurt So Bad
If You Walk Away

duas melodias do miocárdio #7




quarta-feira, 23 de setembro de 2009

desconheço o que fomos



E é em dias como o de hoje em que o tempo se transforma em cansaço.
Os meus olhos inchados e vermelhos ficaram pousados no parapeito da janela.

domingo, 20 de setembro de 2009

Fleuma




Sei que te é indiferente. Dizes não ter tempo, mas não tens tempo para mim.
O meu corpo não pára de percorrer o chão de madeira gélido, enquanto os meus pensamentos se perdem. Pensamentos que ganham formas como as nuvens em dias que cobrem o sol.
Sei que te é indiferente. Todas as palavras que te escrevo em pedaços de papéis, que se desfazem quando as minhas lágrimas caem. Mas dói. Dói ver-te a sorrir para novas flores. Magoa-me ver as tuas mãos cheias de pétalas. Pétalas que não são minhas e nem para mim.
Sei que te é indiferente. Veres-me bem ou mal. Um dia, disseste que íamos ser felizes para sempre e eu acreditei, como as crianças acreditam no Pai Natal. Esse dia acabou quando tu partiste e abriste os teus braços e, rapidamente, deixaste ser abraçado.
Sei que te é indiferente. Aqui, sem ti, não sei de mim, mas sei que sinto um barco vazio e inundado de mentiras.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

melodia do miocárdio #6



Hmmm

Adeus
Como você ama alguém
Que te machuca tanto
Com boas intenções
Foi somente o que ele teve
Mas como eu posso me desprender quando eu
Amei ele por tanto tempo e eu
Dei a ele tudo que podia
Talvez o amor seja um crime inútil
Abrindo mão do que parece ser sua vida inteira
O que deu errado com uma coisa que já foi tão boa?
Como acho as palavras pra dizer
Adeus
(acho as palavras pra dizer adeus)
Quando seu coração não tem coragem de dizer
Dizer adeus
(achar as palavras pra dizer adeus)
Eu sei que fui ingênua
Nunca soube onde isso ia chegar
E não estou tentando diminuir
O homem bom que ele é
Mas como eu posso me desprender quando eu
Amei ele por tanto tempo e eu
Dei a ele tudo que podia
Talvez o amor seja um crime inútil
Abrindo mão do que parece ser sua vida inteira
O que deu errado com uma coisa que já foi tão boa?
Esse é o fim?
Você tem certeza?
Como você saberia se nunca esteve aqui antes?
É tão dificil abrir mão
Quando esse é o único amor que já conheci

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

as cinzas do tempo que deixaste ir


Pedes tempo ao tempo. Tempo para que possas ser aquilo que dizes ser.
O tempo não fala com o tempo, e, no final tu deixaste de ser aquilo que dizias ser, porque perdeste tempo a ver o tempo passar.
O tempo cansou-se do tempo. E eu estou à espera da hora em que eu me canso, de vez.

sábado, 12 de setembro de 2009

Não há ninguém que possa apagar.

Ó gente ... olhem para o vosso umbigo, sim?

Há pessoas que me enervam profundamente. Se falam de mim nas costas, esqueçam que existo!
Hoje perdi a paciência.

A tentar descobrir o truque de magia em que se faz desaparecer pessoas. Se alguém souber avise-me, quero ser invisível...

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Outono, Inverno...estou à vossa espera


Meias de lã; pijamas de flanela; luvas com caretas; guarda-chuvas; canadianas; cachecóis; chuva; camisolas grossas; neve; pipocas; apanhar folhas secas; céu cinzento; vidros embaciados; bonecos-de-neve contigo (um dia havemos de fazer um); árvores despidas; fotografia; folhas secas; a melodia da chuva a cair nas telhas; lareira; aquecedores; o som ao pisar as folhas secas; os teus abraços; paragem; ver filmes contigo; manta; banhos de água a escaldar; o anoitecer mais cedo; telefonemas para ti; croissants de manteiga com fiambre, da pastelaria Estrela de Azurara; bolas de berlim; castanhas...

Quanto regressam?
Já estou, vestida com peças de Inverno, empoleirada na janela à vossa espera.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

a palavra amor redigida num extenso pano azul


Pegaste em mim e pousaste-me delicadamente sobre um assento, enquanto admiravas não só a minha alma como o meu exterior.

Murmuraste palavras bonitas ao meu ouvido; o teu bater do coração ouvia-se nas esquinas das paredes que nos rodeavam. Chegaste perto dos meus lábios e beijaste-me, beijaste-me com doçura, carinho, amor. Amor.
Quando demos conta, várias gotas caíam sobre nós e nós sorrimos, sorrimos de forma espontânea e não conseguimos parar de o fazer. E, foi nesse instante que, quando olhamos cá para baixo, avistamos a terra vista do céu, um linda horizonte... As minhas asas bateram e nós voamos.

Escrevi este texto sobre a terra molhada, entre o vai e vem das ondas e não se apagou.

ápice: 09.04.2008

sábado, 5 de setembro de 2009

A Sra. Uva Jasmim


Eu acreditava que os frutos, apesar do seu destino, eram felizes por poderem ser saboreados e deliciados por outras pessoas.
Um dia fui à Uvolândia e encontrei uma uva, a Sra. Uva Jasmim. Era uma uva diferente das outras, a sua cor era um roxo bordo e a sua pele já começava a ficar enrugada.
Ela estava sempre a dizer: "Sabes menina, não gosto de ser um fruto. Toda a gente só pensa em apreciar-nos e nunca chegam a falar connosco, sabes o porquê?"
Respondi: "Não sei, os humanos complicam, mas tens uma pele muito bonita."
A conversa continuou e o céu no planeta da Uvolândia era da cor da pele da Sra. Uva Jasmim, era o céu mais bonito que tinha visto, e, quando o observei foi o momento em que percebi a Sra. Uva Jasmim...

Há dias em que parte de nós se encolhe e passamos a ser um gomo de um cacho de uva, em que no fim o seu destino acabará por ser cortado para ser o alimento de alguém.
Os gomos dos chachos de uva, também, pensam e um dos seus devaneios é: "que boa recepção que tive neste planeta."

(...)

Hoje, sinto-me como um cachinho de uva, em que um dos meus devaneios é: "a fruta também se desilude, mesmo com aqueles que criam de nós."

conceito da palavra: desilusão

melodia do miocárdio #4



quarta-feira, 2 de setembro de 2009

ela morreu nos braços de quem amava

 
 

"Lembro-me da primeira vez em que a vi...
Estava vestida com um top branco e acho que estava com umas calças de ganga.
Ela estava na parte debaixo da rua... E eu pensei: bem, ela é mesmo bonita e jeitosa, muito bonita...E ela deu-me aquele sorriso, um bonito sorriso."

dito pelo rapaz que ela sempre amou
The O.C

terça-feira, 1 de setembro de 2009

pensamento de alguém #1

Pegas nos remos e entras no teu barco. Remas sem olhar para trás e segues em frente, como se nada do que tivesses vivido no passado tivesse algum significado.
Rapidamente chegas a outro porto e cruzas os teus olhos com os de outra pessoa. Num ápice esqueceste-te de tudo e ainda começaste uma nova vida à semelhança de devaneios que, por vezes, nos vêm à cabeça e deixamos de gostar de um objecto. Porém, aqui não são objectos, são muito mais, julgo eu ou então também me devo ter enganado.

domingo, 30 de agosto de 2009

trinta

Era Inverno, um Inverno com a rua cheia de algodão.
O algodão cobria não só os telhados da casa,
como os casacos que se tornavam apetecíveis,
semelhantes aos algodões doces.

Brincavamos, mas nunca fizemos um boneco de neve.
Os nossos sorrisos eram a barriga do nosso amigo branco.
Era assim o nosso boneco de neve,
desenhado somente com os nossos sorrisos.

A lareira estalava, enquanto os tons avermelhados
irradiavam os tons acastanhados dos movéis.
Os nossos olhos sentiam que,
toda aquela luz era o nosso coração a falar.

Naquele dia, trinta, tudo estremecia.
Tremia de felicidade.
Foi um lindo dia amor e nós...
Nós amor acreditámos que iria ser para sempre.

melodia do miocárdio #3

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

o que as lágrimas dizem


Eu gostava de desaguar e de entrar pela tua janela, enquanto a noite resplendecia.

Deitar-me na berma da tua cama e ver-te a dormir; brincar com as tuas pestanas. As pestanas mais bonitas.
Ser tua e tu seres meu, como dissemos num dia em que um mundo ganhou magia, como aquelas melodias de amor. As melodias de que tanto gostávamos.
Subir a montanha para ver o pôr-do-sol contigo e bem lá no cume receber o teu abraço. O sol desenharia as nossas sombras, enquanto a máquina fotográfica dava o seu click.

Nada disto se concretizou.
Tu não consegues deixar de lado, aquilo que foi. Aquilo que um dia foi o lado mau, e, os lados maus também existem, talvez para nos corroborarem de muita coisa.
Eu acreditei que os teus olhos liam a minha alma e que o teu coração batia na palma da tua mão, tal como o meu. No entanto, tu roubaste o meu coração e andas com ele na palma da tua mão, como se não sentisses a pulsação célere dele.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

ainda caem

Morreu ou ausentou-se.
Fora e dentro da janela está tudo submergido.
Pouco, não era.
Intenso, muito, sim foi e é.
Ficou muito por se dizer…

Agora, são só as lágrimas que murmuram.

sábado, 15 de agosto de 2009

ao ritmo da composição do teu coração

Os meus passos, estonteados, perdiam-se nos dias em que a composição acelerada da melodia do teu coração tocava na praça das estrelas. Ainda assim, em corrida, os teus olhos não se desviaram da dança rítmica do meu corpo.

três melodias do miocárdio #2

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

o devaneio que desenhámos

Passo a passo o meu corpo chegou junto à cama, e, em segundos caiu sobre ela.
Passado uns minutos, as pálpebras dos meus olhos despertaram. Ao lado, estavas tu encaixado no meu corpo. Sorriste e ficaste a observar-me com os teus olhos cheios de ternura.
(...)
Enquanto o sol já começava a entrar pelos buraquinhos da persiana do nosso quarto, tu beijavas o meu rosto e ele não se cansava de todas as vezes em que os teus beijos escorregavam pelas minhas bochechas.
Estavas feliz e não conseguias esconder o tamanho do teu sorriso, o qual me fazia também sorrir só de o ver.

Às dez horas e três minutos percebi de que tudo não tinha passado de um sonho.
Num sonho em que tu me deixaste e o qual continua projectado naquela parede, onde só as cores do sol a iluminam.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

a estação do mar

É como se o meu corpo se tornasse num oceano turbulento num dia de verão.
As ondas embalam as memórias e eu tento ser uma dessas ondas, porque, hoje, ainda é cedo para deixa-las partir com o meu coração.

domingo, 2 de agosto de 2009


Há dias que se perdem, não só com a tua ausência, mas, também, com a minha própria ausência.


quinta-feira, 30 de julho de 2009

a flor.



Num dia faz sol e o céu é o colorido. No outro dia a seguir, ou no minuto a seguir, chove e o céu é cinzento.
Num dia desses, não sei se fazia sol ou chuva, as minhas asas dançavam e em breves instantes caíram delicadamente numa flor.
Desconfio que, provavelmente, tenha caído na flor cinzenta.

sábado, 25 de julho de 2009

uma vida à procura de: quem sou eu?


O mundo é diferente.
Não há nada igual, apenas semelhante.
Nascemos com poucos centímetros e morremos com metros.
O campo é puro, a cidade é o oposto.
À frente dos prédios chove, enquanto que nas traseiras não.
Em Março é primavera, no final do ano é Inverno.


A verdade é esta:
Passamos a vida em busca de algo, algo que nos complete.
Minutos, horas, milésimos que passam.
Dias que vão e não voltam.
Perguntas que, sem querermos, fazemos todos os dias.
Uma vida que tem um fim, e uma pergunta imortal:

Quem sou eu?
Quem sou eu?
Quem sou eu?
Quem sou eu?
Quem sou eu?

sábado, 18 de julho de 2009