domingo, 30 de agosto de 2009

trinta

Era Inverno, um Inverno com a rua cheia de algodão.
O algodão cobria não só os telhados da casa,
como os casacos que se tornavam apetecíveis,
semelhantes aos algodões doces.

Brincavamos, mas nunca fizemos um boneco de neve.
Os nossos sorrisos eram a barriga do nosso amigo branco.
Era assim o nosso boneco de neve,
desenhado somente com os nossos sorrisos.

A lareira estalava, enquanto os tons avermelhados
irradiavam os tons acastanhados dos movéis.
Os nossos olhos sentiam que,
toda aquela luz era o nosso coração a falar.

Naquele dia, trinta, tudo estremecia.
Tremia de felicidade.
Foi um lindo dia amor e nós...
Nós amor acreditámos que iria ser para sempre.

melodia do miocárdio #3

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

o que as lágrimas dizem


Eu gostava de desaguar e de entrar pela tua janela, enquanto a noite resplendecia.

Deitar-me na berma da tua cama e ver-te a dormir; brincar com as tuas pestanas. As pestanas mais bonitas.
Ser tua e tu seres meu, como dissemos num dia em que um mundo ganhou magia, como aquelas melodias de amor. As melodias de que tanto gostávamos.
Subir a montanha para ver o pôr-do-sol contigo e bem lá no cume receber o teu abraço. O sol desenharia as nossas sombras, enquanto a máquina fotográfica dava o seu click.

Nada disto se concretizou.
Tu não consegues deixar de lado, aquilo que foi. Aquilo que um dia foi o lado mau, e, os lados maus também existem, talvez para nos corroborarem de muita coisa.
Eu acreditei que os teus olhos liam a minha alma e que o teu coração batia na palma da tua mão, tal como o meu. No entanto, tu roubaste o meu coração e andas com ele na palma da tua mão, como se não sentisses a pulsação célere dele.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

ainda caem

Morreu ou ausentou-se.
Fora e dentro da janela está tudo submergido.
Pouco, não era.
Intenso, muito, sim foi e é.
Ficou muito por se dizer…

Agora, são só as lágrimas que murmuram.

sábado, 15 de agosto de 2009

ao ritmo da composição do teu coração

Os meus passos, estonteados, perdiam-se nos dias em que a composição acelerada da melodia do teu coração tocava na praça das estrelas. Ainda assim, em corrida, os teus olhos não se desviaram da dança rítmica do meu corpo.

três melodias do miocárdio #2

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

o devaneio que desenhámos

Passo a passo o meu corpo chegou junto à cama, e, em segundos caiu sobre ela.
Passado uns minutos, as pálpebras dos meus olhos despertaram. Ao lado, estavas tu encaixado no meu corpo. Sorriste e ficaste a observar-me com os teus olhos cheios de ternura.
(...)
Enquanto o sol já começava a entrar pelos buraquinhos da persiana do nosso quarto, tu beijavas o meu rosto e ele não se cansava de todas as vezes em que os teus beijos escorregavam pelas minhas bochechas.
Estavas feliz e não conseguias esconder o tamanho do teu sorriso, o qual me fazia também sorrir só de o ver.

Às dez horas e três minutos percebi de que tudo não tinha passado de um sonho.
Num sonho em que tu me deixaste e o qual continua projectado naquela parede, onde só as cores do sol a iluminam.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

a estação do mar

É como se o meu corpo se tornasse num oceano turbulento num dia de verão.
As ondas embalam as memórias e eu tento ser uma dessas ondas, porque, hoje, ainda é cedo para deixa-las partir com o meu coração.

domingo, 2 de agosto de 2009


Há dias que se perdem, não só com a tua ausência, mas, também, com a minha própria ausência.